A Comissão Científica (CC) do 14º Congresso Mundos de Mulheres, que será realizado de 19 a 23 de Setembro de 2022 na UEM em formato híbrido (presencial e online), comunica a lista de Oficinárias aprovadas para a recepção de Comunicações Orais.
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A CC utilizou como método de trabalho o contacto (e-mail, WhatsApp, redes sociais) com todas as pessoas que propuseram trabalhos e obteve o retorno da imensa maioria de proponentes, que manifestaram interesse em manter a Oficinária no formato híbrido.
Está aberto o prazo de recurso a esse resultado, de 30/03/2022 a 03/04/22, pelo e-mail comissaocientifica14mm@gmail.com . Os casos omissos serão analisados pela Comissão Científica do Congresso.
As coordenações das Oficinárias irão receber e avaliar as propostas de comunicações orais (trabalhos académicos, relatos de experiências de activistas e artistas) para serem apresentados durante o evento na modalidade presencial e online.
Confira abaixo as Oficinárias aprovadas. Os nomes d@s proponentes estão em ordem alfabética.
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Coordenação | Título da Oficinária | Resumo |
1 | Adriana Feitosa Thallysson Melo “DÁ PRETA” afroperspectiva | “DÁ PRETA” | O “DÁ PRETA” é um espaço literário e socioeducativo de perspectivas decoloniais; corpo de análise para pesquisas acadêmicas. Usando de múltiplas linguagens (folhetins, quadrinhos, charges, quadros temáticos, intervenções) para metaforizar, refletir e contrapor a lógica de raça e opressão que estrutura o sistema de exploração e privilégios que afeta o imaginário/subjetividade das comunidades afrodiaspóricas em São Luís do Maranhão, Brasil. Descolonizando pensamento a favor de uma educação antirracista. Partimos da premissa que para pensar o espaço, suas práticas e formas de interação social é necessário a compreensão das construções/relações racializadas pela epistemologia dominante e que orientam a construção das identidades. Falamos a partir desse lugar em (re) conexão com África e suas diásporas. Decodificando e criando possibilidades de acesso a produção literária negra desarticulando a colonialidade do saber que se estrutura e se reformula nos espaços de poder como a academia. Em um processo de reorientação ontológica e epistemológica do ser negro, assumindo um compromisso político-afetuoso com o campo da ética da filosofia Ubu-ntu, uma perspectiva capaz de produzir possibilidades do ser-sendo na total (idade); que nos une de forma comunitária, antirracista e pluriversal e que trata os ancestrais como elo de ligação entre vivos, os mortos e os que ainda não nasceram. Nesse sentido, o DÁ PRETA por ligar-se existencialmente a seus idealizadores enquanto mulher e homem negrxs, posiciona-se ao mesmo tempo por um ativismo político e um movimento de devir-negro. Por fim, o DÁ PRETA está sendo construído, não como um sistema fixo e fechado de ideias, mas que evolui continuamente a partir de sua rejeição a todas as mazelas da discriminação existentes nas dinâmicas das relações, criadas e impostas pela cosmovisão ocidental, eurocêntrica. Asè. |
2 | Aline da Silva Pinto Universidade Feevale Ana Maria Colling UFGD | Mulheres velhas: corpos em trânsito | Viver a velhice é lugar distante, sempre à frente, adiada e negada por muitos sujeitos, manifesta por investimentos constantes na desaceleração do envelhecimento. Evitar os problemas, as dificuldades e incapacidades geradas pela deterioração do corpo é o que nos toma tempo na juventude. A velhice é vista como um demérito: parecer-se com alguém velho é uma ofensa para muitos, mas em especial às mulheres. Percepções se ampliam em direção à passagem do tempo para elas e seus modos de vida, suas ansiedades e buscas por uma juventude que se esvai com o avanço da idade. Desde cedo, nós, mulheres, compartilhamos hábitos de cuidado e manutenção da beleza e jovialidade, subscritas em ideias de saúde e qualidade de vida. Essa rede de saberes sobre como afastar as sombras do envelhecimento nos constitui e impregna as relações no mundo social. A atenção às marcas do envelhecimento e seu repúdio denotam uma rejeição ao que não é belo e jovem, o mercado adula a quem consegue manter-se “em forma”, aos que mantêm a vitalidade da juventude e, por sua vez, fazem a roda do consumo girar. Os lugares sociais tradicionalmente destinados às mulheres velhas se tornam estáveis, num sistema de regulação que as permite transitar num espaço controlado e “aceitável” para a vida no mundo globalizado, em que as possibilidades de existir parecem estratificadas por gerações. A proposta para este evento é abrir um espaço para diálogos transculturais acerca da velhice das mulheres e seus corpos, tornando visíveis as marcas do tempo, como lugar de compartilhamento de experiências e de novas possibilidades de ação no mundo. |
3 | Ana Lúcia da Siva UNIFAL – MG Francy Rodrigues da Guia Nyamien UNIOSTE – Brasil UEM e UNIOESTE[1] | Mulheres no Mundo Contemporâneo, Feminismo Negro e As Epistemologias do Sul na Educação: por Pedagogias Decoloniais | No século XXI, no mundo contemporâneo, nesses tempos de globalização, de tecnologias digitais, da internet e da comunicação em redes sociais, nessa oficinária relacionada ao eixo temático: “Violência contra as mulheres”, objetiva-se reunir pesquisadoras e pesquisadores que desenvolvem estudos que dêem visibilidade a História das mulheres e as epistemologias do sul na Educação. As epistemologias do sul fazem alusão às lutas políticas e sociais de movimentos sociais e ativistas que questionam múltiplas formas de opressão, tais como o colonialismo, o racismo, o patriarcado, o machismo, o capitalismo, entre outras. Visa-se dialogar com intelectuais que pensam a realidade social das mulheres no mundo contemporâneo, especificamente das mulheres negras e o Feminismo Negro. Além disso, expor como a Educação pode ser um dos caminhos para se problematizar e combater as práticas de violências contra as mulheres, questionando o paradigma ocidental e eurocêntrico, as heranças do colonialismo, como o racismo, o patriarcado e o machismo, dando visibilidade às epistemologias do sul. Uma Educação em uma perspectiva democrática e antirracista, ancorada nas pedagogias decoloniais, desconstruindo o epistemicídio de saberes oriundos do povo negro e das mulheres negras nas instituições de ensino, proporcionando o diálogo interseccional gênero, raça, classe e diversidade sexual. Desta maneira, no âmbito da Educação, propõe-se apresentar possibilidades de lutas, resistências, combate e eliminação da violência contra as mulheres, e reexistências. Palavras-chave: Mundo Contemporâneo. História das mulheres. Feminismo Negro. Epistemologias do sul. Educação. |
4 | Ana Rosa Coelho Silva Procuradoria Da Mulher Da Câmara Municipal De São Luís E Centro De Tambores De Mina Ilê Ashé Ogum Sogbô | A igualdade de gênero em conformidade com o princípio da igualdade. | A desigualdade de gênero é um fato social já enraizado. E embora as teorias feministas buscam combatê-la, ainda é bastante recorrente os casos em que a mulher é colocada em posição de inferioridade em relação ao homem. Em 1979, foi criado pela ONU, uma Convenção sobre a Eliminação de todas as formas de Discriminação contra as Mulheres, com o escopo de ”garantir ao homem e à mulher a igualdade de gozo de todos os direitos econômicos, sociais, culturais, civis e políticos”. Em suma, buscando favorecer a igualdade de direitos. O Brasil aprovou a Convenção pelo Decreto Legislativo no 93, de 14 de novembro de 1983, sendo assinada pela República Federativa do Brasil, em Nova York, no dia 31 de março de 1981. O princípio da igualdade deve operar na edição de leis visando impedir a criação de tratamentos diferenciados e abusivos, além da obrigatoriedade de interpretar a lei sem distinguir em razão de sexo. Sendo assim, a igualdade é um direito fundamental e a lei deve tratar todos de igual forma, sem distinção. Deve-se aplicar tal princípio também à igualdade de gênero, pois homens e mulheres devem gozar dos mesmos direitos e oportunidades e as políticas públicas e sociais precisam reforçar as medidas para a promoção dessa igualdade. Ainda são inúmeros os esforços que as mulheres fazem para conseguirem igualdade no acesso à educação, nas oportunidades no trabalho e na carreira profissional, no acesso à saúde, no acesso ao poder e na influência. Nesse aspecto, o princípio da igualdade apresenta-se como mais uma forma de garantia e fundamentação para essa luta que cada vez mais ganha força, buscando a igualdade de gênero e o empoderamento de todas as mulheres e meninas (Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 5, ONU). |
5 | Ângela Coutinho Fundação Amílcar Cabral (Cabo Verde) e Instituto Português de Relações Internacionais (IPRI), na Universidade Nova de Lisboa. Isabel Casimiro Centro de Estudos Africanos – UEM | Mulheres na Resistência Anticolonial | A participação das mulheres na resistência anti-colonial fascista nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, PALOP’s, assumiu várias formas nomeadamente as lutas das mulheres camponesas contra o trabalho forçado, a sua participação nos movimentos nacionalistas, na luta clandestina e como guerrilheiras da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), do Movimento Popular para a Libertação de Angola (MPLA), do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC).O mesmo aconteceu com mulheres noutros países africanos, como foi o caso da África do Sul, Namíbia, Zimbabwe e até ao presente com a Frente POLISARIO pela independência do Sahara Ocidental do Reino de Marrocos. A mesma experiência pode ser encontrada em vários outros países do mundo.Pretendemos nesta Oficinária resgatar as vozes das mulheres nacionalistas e guerrilheiras, debatendo sobre a sua participação nestes espaços tradicionalmente masculinos, abordando os seus desafios passados e presentes nos países já independentes. Palavras chave: Luta Armada, Participação Política, Género, “mundo melhor”. |
6 | Angie Edell Campos Lazo Elia Avendaño Villafuerte Red de Investigaciones Afrolatinoamericanas-RIALA | Mulheres Negras em Movimento: O que acontece com as sociedades quando as mulheres negras se movimentam? | Mulheres Negras em Movimento: O que acontece com as sociedades quando as mulheres negras se movimentam? A oficinária tem três grandes objetivos de reflexão. Num primeiro momento se procura gerar uma plataforma de visibilidade sobre as ações da mulher negra nas diferentes áreas de atuação da sociedade. Convidamos as mulheres da ciência, medicina, academia, política, economia, no ativismo e diferentes espacios da sociedade. Vamos responder a, O que estão fazendo as mulheres negras? Como segundo objetivo, procuramos ter um espaço de reflexão e debate sobre a caminhada e intervenção da mulher negra nas sociedades. Sabemos que ser uma mulher negra nos coloca numa posição de subordinação e violência nas sociedades, nessa lógica, as ações e intervenções das mulheres negras vão ser estigmatizadas, diminuídas e muitas vezes criminalizadas. Vamos responder a, Quais são os desafios das mulheres negras na sua caminhada nas nossas sociedades? Finalmente o nosso terceiro objetivo procura refletir sobre o diálogo e sinergias entre o trabalho das mulheres negras. Os conhecimentos gerados desde as mulheres negras da academia e o seu diálogo com os conhecimentos das mulheres negras das comunidades, dos terreiros, dos quilombos e comunidades que fazem trabalho com as bases. Vamos responder a, Como estamos dialogando entre mulheres negras na luta antirracista, antimachista e anticlasista? A nossa oficinaria procura chamar a mulheres das diferentes áreas de atuação, diferentes idades e nacionalidades para refletir as diferentes percepções sobre o rol de reestruturação da mulher negra nos diferentes espaços de ação social, assim como gerar um diálogo entre as diferentes estratégias de ações geradas pelas mulheres negras de forma individual ou como coletivos. Convidamos a visibilizar e dialogar sobre as mulheres negras em movimento. |
7 | Camila Rodrigues Pereira Evanise Rodrigues Gomes Vera Sirlei Martins Universidade Federal de Santa Maria Universidade Eduardo Mondlane. | A contribuição da comunicação e das redes sociais para pensar as categorias de gênero, linguagem e poder | Considerando que a comunicação ocupa um lugar central nas sociedades e está tanto nas práticas institucionais, como na base das ações dos movimentos sociais (CASTELLS, 2013), entendemos que o processo de construção simbólica se sustenta nas mensagens e estruturas criadas, formadas e difundidas pela comunicação multimídia, assim, qualquer mudança no ambiente comunicacional afeta diretamente as normas de produção de significado, e dessa forma altera também as relações de poder (MARTINS, 2019). Neste contexto de significados, as mídias sociais e a comunicação se efetivam como um direito pelo uso e produção das informações, e como possibilidade das mulheres encontrarem voz própria e escutar voz das outras; como espaço que oferece condição afetiva de existir, resistir e se reposicionar como sujeito que pertence e que pode nomear suas experienciais (MARTINS, 2019). Neste sentido, o objetivo desta oficinária é refletir sobre a contribuição da comunicação e das redes sociais para pensar as categorias de gênero, linguagem e poder, atentando para práticas que podem ser acionadas como recursos para promoção da equidade de gênero. Esta oficinária abrange as áreas da comunicação, comunicação comunitária, estudos das mídias sociais, jornalismo, comunicação organizacional, marketing e educomunicação, e receberá propostas de trabalhos acadêmicos, técnicos, sociais e relatos de experiência. |
8 | Carmeliza Rosário Chr. Michelsen Institute Signe Arnfred – Roskilde University | Conceções alternativas de género – caminhos para a Africanização de conceitos feministas | Durante várias décadas, as feministas do “Sul Global” têm argumentado que os conceitos ocidentais dominantes de género em termos de dicotomias hierárquicas de domínio masculino/subordinamento feminino não são tão universais como geralmente se assumem. Ao lançar a noção de “colonialidade do género”, a teórica decolonial Maria Lugones (2007) mostra como esta ideia particular de género foi introduzida nas regiões do mundo anteriormente colonizadas, juntamente com a sua colonização. Como a académica nigeriana Oyèrónké Oyewùmí afirmou– citado por Maria Lugones – “a criação de ‘mulheres’ como categoria foi uma das primeiras realizações do Estado colonial”. Hoje, na atual era pós-colonial, esta mesma conceção colonial de género é promulgada ainda mais amplamente através de programas de desenvolvimento internacionais e nacionais e objetivos de desenvolvimento da ONU. Feministas africanas como Ifi Amadiume (1987) e Oyèrónké Oyewùmí (1997) mostraram como nas sociedades africanas pré-coloniais simplesmente não existia uma categoria fixa de “mulheres” como “o segundo sexo”. O género era visto de forma situacional, ou seja, não dicotomizado, não hierárquico – e muitas vezes não era sequer relevante. As hierarquias sociais seguiam outras dimensões, tais como senioridade, parentesco e linhagem. Em alguns aspetos, a crítica feminista africana corresponde à alternativa proposta por Judith Butler (1990) com a sua conceção de género como fluida e performativa. A noção de Butler é, no entanto, usada principalmente em relação à identidade de género, ignorando conceções mais relacionais de género, ignorando também casos em que o género não é socialmente significante, ou onde as mulheres que não se conformam com as regras são assumidas como masculinizadas (Kandiyoti 1988, Halberstam 1998, Le Renard 2014). Face à(s) crítica(s) acima referida(s), convidamos propostas académicas e contributos artísticos para uma discussão sobre conceptualizações alternativas de género, baseadas em conhecimentos e experiências africanas que não se limitem ao binário masculino/feminino ou girem em torno da identidade. Pretendemos fazer disto um exercício de desaprender conceitos hegemónicos e propor formas mais significativas de compreender e explicar o mundo social dos homens e das mulheres em África. Com isto, pretendemos contribuir para uma mudança na política de género no continente e para o avanço dos direitos das mulheres, defendendo abordagens que incorporam modos de compreensão da socialidade e de produção de conhecimento já existentes, mas largamente ignoradas. |
9 | Caroline Silva Garbade Brenda Campos FES Moçambique | Repensando Gênero | O conceito de gênero é uma ferramenta feminista que chama a atenção que ser-se mulher ou homem não é apenas um assunto ditado pela biologia e pela aparência física. Alerta-nos para a construção social das identidades sexuais e ajuda-nos entender camadas diferentes de opressão e de privilégios. Mas, o conceito de gênero tem sido recentemente questionado de muitas maneiras e, em alguns casos, tem servido a manter relações injustas e de dependência entre nações, classes e grupos sociais. Tem sido atacado por movimentos conservadores que denominam debates sobre gênero como “loucura” e sonham de voltar para os papeis “tradicionais” de homens, mulheres e da família. Tem sido capturado pelo sistema da cooperação ao desenvolvimento, que o transformou em uma palavra chave para acessar fundos, estatuto ou outros privilégios. Tem sido esvaziado pela pretensão universalista e colonialista de uma cultura acadêmica ocidental que não busca compreender as condições históricas e culturais da construção social e que muitas vezes faz as suas próprias experiências e entendimentos a medida e todas as coisas sem ser capaz de refletir sobre transformações das relações de poderes . A oficina gostaria de abrir um espaço para pensar informada e criticamente sobre o conceito de gênero a partir das realidades concretas que vivemos como activistas e acadêmicas e contribuir para a atualização e a re-captura feminista do conceito. |
10 | Cláudia Maia Universidade Estadual de Montes Claros Ana Maria Veiga Universidade Federal da Paraíba | Das margens: mulheres, feminismos e sertões no sul global | A partir de um recorte transtemporal, buscamos reunir trabalhos com abordagens teórico-metodológicas e objetos analíticos que visem a trocas de saberes e experiências em torno do ativismo, da arte e da pesquisa acadêmica nos campos da história das mulheres, dos estudos feministas, queer e das teorias descolonizadoras sobre o que chamamos “sujeitos em situação de margem”, com destaque especial para os diversos relevos sociais dos sertões e periferias de países do sul global. Entendemos como “situação de margem” um (não)lugar que é, ao mesmo tempo, social e geográfico. Privilegiaremos esses territórios, partindo da ampla compreensão do conceito de sertões (como wilderness ou interior), no sentido de distanciamento dos grandes centros (políticos e econômicos) e dos lugares hegemônicos de produção de conhecimento e saberes tomados como oficiais. Serão acolhidas, neste espaço de debates, investigações e relatos de experiências de e sobre mulheres, feminismos subalternos, “raça”/etnia e estudos queer, com foco em sujeitos cuja existência se dá em territórios ou situações consideradas periféricas. Partimos, igualmente, de uma epistemologia feminista periférica que atua nas margens, buscando escapar das linhas centrais de teorias eurocêntricas (de mainstream), embora dialogue com elas ao acionar conceitos transnacionais e interdisciplinares, como os de poder, interseccionalidade e decolonialidade. Serão acolhidos trabalhos, experimentações e pesquisas realizados com materiais audiovisuais, iconográficos e das artes visuais que problematizem as práticas cotidianas femininas, denunciem a opressão de mulheres e visibilizem o ativismo feminista. Um dos desafios aqui colocados é incluir nessas reflexões, sobre relatos de experiências, ativismos e pesquisas acadêmicas, o levantamento de problemas e a articulação de ações positivas para potencializar e valorizar as mulheres e suas lutas. |
11 | Cleusa Caldeira Maricel Mena López Faculdade Jesuita de Filosofia e Teologia; Universidad San Tomas | Resistências espirituais das mulheres negras em África e diáspora | O colonialismo europeu com sua moral hetero-patriarcal se apresenta como uma realidade metafísica e imutável, suprimindo, assim, as memórias culturais de grupos étnicos que representam uma outra cosmologia não binária e de respeito a natureza. Coube ao cristianismo imperial sacralizar essa cosmovisão hegemônica, subjugando e colonizando os imaginários religiosos; tornando-se assim arma colonial de controle religioso e dominação desejada. Ao longo dos séculos grupos étnicos sofreram e sofrem ameaças de aniquilação cultural; seus costumes, valores e práticas milenares são silenciados ou relegados ao misticismo. Suas formas de produção de saberes sofrem grande desprezo e são lançados no esquecimento pela colonização epistêmica. Entretanto, neste contexto de iminente aniquilação da humanidade e do planeta, emergem novos sujeitos coletivos recuperando as tradições orais, míticas e religiosas como formas de resistência e resiliência frente as múltiplas violências do sistema capitalista. A espiritualidade surge como origem e motor de recriação de novos sujeitos coletivos, que sob a liderança de mulheres faz irromper novos horizontes, práticas coletivas diferenciadas, políticas alternativas, novos saberes compartilhados, enfim, uma outra realidade em constante mutação e aprimoramento. Esta oficinária quer ser o espaço de escuta cordial às múltiplas resistências espirituais das mulheres negras em África e diáspora, como práticas decoloniais que resistem e reinventam-se desde suas próprias tradições herdadas. |
12 | Cristina del Villar-Toribio Centro de Estudos Sociais. Universidad de Coimbra/Universidad de Sevilla | Os Cuidados desde a óptica dos Feminismos Africanos | Esta oficinária esta dedicada a estudios teóricos e empíricos sobre cuidados, tanto na vida cotidiana das mulheres (cuidado de pessoas doentes, crianças, pessoas idosas, cuidados comunitarios, etc..) autocuidados e como trabalhos relacionados com os cuidados que sejam analisados desde as propuestas dos feminismos africanos. Também esta dirigida a aqueles estudios que fazem un análisis crítico feminista das políticas e instituçoes relacionadas com os cuidados, o cujas accoes tenham impacto nas praticas de cuidados das mulheres. |
13 | Cristina Maria da Silva Junia Paula Saraiva Silva UCFE – PUC-MG | Experiências femininas em escritas literárias africanas | A literatura é um espaço fértil e propício para tratar de questões complexas e dolorosas, sejam eles individuais ou coletivas; escrever é um ato revolucionário, principalmente para mulheres nas mais diversas situações: de guerra, de subjugação, de violência e imposições. O objetivo dessa oficinária é refletir sobre as questões de gênero, língua e poder a partir projetos literários de escritoras africanas. Nosso objetivo é promover um debate transdisciplinar que propicie uma visão colaborativa entre saberes e entre os participantes dos mais diversos segmentos sociais, procurando pontualmente pensarmos sobre: o lugar da mulher na sociedade; as lógicas de dominação presentes nas instâncias sociais que a segregam e oprimem e quais as instâncias de resistência e resiliência que as escritas literárias dessas mulheres apontam. Ressaltamos o vínculo dessas mulheres com sua terra, suas escritas que se situam ou retomam problemas internos de seus países e de suas diásporas; observamos a força da memória e da trajetória familiar na construção de suas biografias e obras literárias e suas narrativas são formas de elaboração de suas existências, mas também um modo de mediar as relações com seus países e vinculações culturais. À vista disso, pensamos em projetos literários como das escritoras Scholastique Mukasonga, que refaz seu percurso biográfico e sua trajetória num mergulho em suas memórias diante do genocídio tutsi em Ruanda, e Chimamanda Ngozi Adichie, escritora nigeriana que interliga sua escrita aos dilemas do seu país de origem, no qual seu pertencimento familiar e sua ligação com o seu país são fundamentais na construção da reescrita da história a partir da literatura. Dessa forma, propormos trabalhos que abordem a potência da escrita literária feminina africana como resgate de memória, de pertencimento e reescrita da história. |
14 | Débora Cristina de Araujo Universidade Federal do Espírito Santo |
As meninas negras na literatura infantil brasileira: uma revisão interseccional | Desde o início da literatura infantil brasileira, personagens negras e negros tiveram suas trajetórias marcadas por estereotipia, violência ou subrepresentatividade. Especialmente mulheres e meninas negras foram confinadas, ao longo do século XX, a dois tipos específicos de estereótipo: serviços domésticos ou sexualidade exacerbada, o que realçava as marcas sexistas e patriarcais dessa literatura. E, quanto mais nova em idade fosse da personagem negra, menos ela era retratada nos textos em prosa ou poema, enquanto que o menino negro se fazia presente na figura do marginal ou menino abandonado. Mas na virada do século é possível verificar uma mudança na produção infantil brasileira com um aumento na diversidade de características de meninas e mulheres negras como personagem. É focada especialmente nas infâncias dessas meninas que a presente comunicação tem como objetivo apresentar as tendências que marcam as condições de representatividade de gênero, raça e idade, em perspectiva interseccional. No primeiro grupo estão livros que confinam, ainda, a menina negra na condição de vulnerabilidade social, fragilidade afetiva e pobreza. No segundo grupo, contudo, outra tendência (que se subdivide em categorias) expressa um maior número de obras e que reúnem características antes não comumente presentes na literatura infantil brasileira: relacionam-se à valorização estética (sobretudo cor da pele e cabelos crespos), ao reconhecimento e orgulho de sua ancestralidade africana, à condição de infância vivida em sua plenitude e à negociação da condição feminina como potência, já que são a partir de figuras femininas que as resoluções de conflitos ocorrem. Nesta proposta caberá explorar aspectos do texto verbal e imagético de livros infantis no sentido de evidenciar como a sociedade brasileira, que passa por intensas transformações sociais (sendo algumas conservadoras e outras progressistas), vem revisando, no plano literário infantil, o gênero, a raça e a idade, em diálogo com a cultura africana e afro-brasileira. |
15 | Débora de Fina Gonzalez Millicent Thayer Universidad de Chile / University of Massachusetts – Ahmerst |
A construção de um presente feminista: Lutas, protestos e resistências das mulheres | Os feminismos são, hoje, uma das forças sociais mais potentes, reivindicativas, criativas e transformadoras a nível global. Protestos e ações feministas têm sido convocados em diferentes países a partir da articulação internacional entre diversas redes, grupos e coletivos de mulheres, apesar de obstáculos como o fundamentalismo, o autoritarismo e o militarismo de direita. As crescentes mobilizações do 8 de Março, dia internacional das mulheres, acompanhadas do chamado contundente a uma greve feminista internacional, têm sido momentos que evidenciam uma grande capacidade de mobilização e articulação dos feminismos. Para além do 8M, têm ganhado espaço e visibilidade muitas outras manifestações de mulheres que adquirem um caráter permanente e transversal de luta social e extrapolam um “calendário feminista” historicamente estabelecido, posicionando as “mulheres que lutam” na linha de frente no combate a preocupantes ameaças contemporâneas à sustentabilidade da vida, dos territórios e das relações sociais. Assim, junto aos novos repertórios e à crescente capacidade de mobilização, os feminismos fazem-se presentes em distintos espaços reivindicativos – seja através ou dentro das fronteiras nacionais, comprometendo-se e articulando-se com outras lutas, demandas e movimentos sociais: afrodescendentes, indígenas, socioambientais, entre outros. Neste sentido, convocamos a construir um espaço onde possamos pensar globalmente o atual momento político feminista em sua força e potencialidade. Como têm-se manifestado e articulado os feminismos em distintos países? Como se estabelecem os trânsitos, diálogos e intercâmbios feministas a nível internacional? Como estas formas de protestos massivas, criativas e potentes podem conduzir-nos a utopias feministas concretas? Incentivamos propostas que reflitam experiências feministas contemporâneas de distintas realidades nacionais ou transnacionais, focadas em suas diversas formas de manifestações públicas e de protestos ou, ainda, de trabalhos “de formiga” nas lutas cotidianas frente a situações precárias. |
16 | Edgar Bernardo Nélvia Sitoe Gilberto Macuacua Rede Homens Pela Mudança (HOPEM) | Des-masculinizando: disrupturas e tessituras de masculinidades alternativas. | O debate sobre as masculinidades tende a pontuar de imediato a sua colocação no plural, masculinidades ao invés de masculinidade. Coloca-se o termo masculinidades no plural por se entender que estas são complexas e manifestam-se de várias formas, apesar de terem um denominador comum que é o patriarcado. Assim, compreende-se que o elemento principal da “dominação masculina” (Bourdieu, 2014) atravessa, convive ou mesmo assenta-se em todas as esferas sociais. Contudo, é fundamental a ampliação do debate considerando que o “Homem” não é uma categoria única e universal. Quando a noção do masculino entra em intersecção com a raça, etnia, classe, orientação sexo-afectiva concorre para o maior ou menor privilégio do indivíduo. Esta oficinária pretende trazer ao debate a noção do homem, fazendo ruptura das narrativas únicas que geralmente concentram-se na “binaridade” e evidenciam apenas a noção hegemónica da masculinidade. Sem descorar da masculinidade hegemónica e os efeitos negativos na vida dos homens e mulheres, pretendemos trazer leituras disruptivas, tecer, visibilizar, e potencializar outras formas de existir homem e que, mais do que representarem contradição, consigam conviver, afectar-se e reconhecer a dignidade em cada uma delas, dentro dos princípios feministas e respeito pela dignidade humana. A oficinária acolhe trabalhos académicos, histórias de vida, experiências do activismo e outras formas de saber. As apresentações poderão ser feitas de forma oral, posters, vídeos e outras metodologias. |
17 | Edilson de Jesus Sá Programa de Pós Graduação em Cartografia Social e Política da Amazônia – Universidade Estadual do Maranhão/UEMA | Empreendedorismo – vidas de trabalho, resistência e luta pela a autonomia feminina e outras questões | Inspirados nas milhares de histórias de luta, enfrentamento e protagonismo, indo de encontro a opressão que determina inclusive os corpos e não quer permitir a emancipação feminina, na maioria das vezes, em uma luta solitária e culpabilizada. Contudo, muitas vitórias também acontecem, no entanto “perdem” espaço pela urgência dos casos de violência. O escopo dessa oficinária é oferecer um espaço, ainda que restrito a academia, para que sejam compartilhadas essas histórias que acontecem em todos os lugares, no trabalho diário restrito às atividades para garantir o sustento de sua família e em outros lugares. Nosso interesse por esse espaço de discussão tem inspiração em um grupo de afroempreendedoras que formaram um coletivo chamado de “FEIRA DAS PARICEIRAS” artesãs que trabalham com vários tipos de materiais, inclusive com uma linha especifica de produtos, assim chamados de “afro” que remetem ao continente africano, e também, a Jamaica – com suas cores da sua bandeira e o reggae, ritmo musical de forte influência em São Luís. Uma particularidade é que essas artesãs comercializam seus produtos em feiras que são organizadas dentro da academia, mas, poucas têm acesso a esses espaços de formação, por exemplo, são chamadas para atender a demanda comercial, mas poucas vão além dos halls desses prédios. Dito isso, queremos compartilhar questões atinentes aos feminismos maranhense e sobre o combate das representações impositivas de família, trabalho, gênero e raça, para citar apenas esses exemplos. Seja compartilhando histórias em comunicações afetuosas ou com o trabalho das pesquisadoras e pesquisadores. São relações de poder que tentam inviabilizar o que é construído a passos firmes, entretanto lentos, mas, contínuos, ainda que o caminho seja longo. Pretendemos discutir com e/ou a partir dessas mulheres, compartilhando histórias e multiplicando conhecimento. |
18 | Esmeralda Mariano Departamento de Arqueologia e Antropologia – Universidade Eduardo Mondlane (UEM), Mocambique Zethu Matebeni SARChi Chair in Sexualities, Genders and Queer Studies, University of Fort Hare, South Africa Nikitta Dede Adjirakor Postdoctoral Research Fellow, Department of African Linguistics and Literatures, University of Bayreuth | Multiple and contrasting existences | A categoria mulher há muito vem sendo debatida, com muitos notando as infinitas questões que tendem a invisibilizar outros seres em cada uma de nós, como parte de uma convivência polêmica, em um mundo múltiplo e plural. Explicações essencialistas, como o binário masculino/feminino, não podem dar conta da diversidade de maneiras pelas quais as pessoas são generificadas, nem podem dar conta da diversidade de significados atribuídos à categoria de mulheres em diferentes contextos. Esta oficinária tem como objetivos: 1) compartilhar e reflectir sobre experiências de outros modos de existência, que transcendem e transformam as categorias monolíticas (mulher) e as relações binárias entre mulheres e homens cisgéneros e transgéneros; 2) construir um conhecimento “de mundos menos organizados por eixos de dominação”, na esteira de Donna Haraway (1995), criativo e fluido, rumo à justiça ontológica, epistemológica, política e social; e 3) engajar com as múltiplas experiências de intersecção de formas de violência dentro de categorias de género e sexualidades. Para este diálogo, convocamos narrativas densas de conexões, que descrevem experiências multi situadas, a partir de corpos que constroem sexualidades prazerosas em contextos políticos e sociais hostis, e de corpos capazes de transformar criativamente suas aflições dos processos regenerativos, para se tornar mulher, pessoa, e para fazer parte de um mundo reconhecido. No plano da linguagem para a discussão, para além da comunicação oral, incentivamos e acolhemos vivamente outras formas artísticas e do mundo da imagem – visual (desenho, fotografia e construção fílmica), como estratégia de compreensão do tema em análise. |
19 | Eufémia Vicente Rocha Clementina Furtado Universidade de Cabo Verde | Género, Mobilidades e Fronteiras Contemporâneas em Contextos Africanos | A proposta que apresentamos para esta oficinária – Género, Mobilidades e Fronteiras Contemporâneas em Contextos Africanos – objetiva conhecer perspetivas teórico-práticas, metodológicas e/ou epistemológicas, ações e experiências outras que se tenham debruçado sobre a participação das mulheres nas mobilidades contemporâneas e travessia de fronteiras, na medida em que sabemos que ao longo do século XX, do ponto de vista académico-científico, elas foram negligenciadas e invisibilizadas nesses processos. Sendo assim, o género é tomado aqui como uma categoria fundamental para a compreensão dos movimentos migratórios e dinâmicas conexas. Daí que nos interesse acolher trabalhos que se dediquem, além das distintas características e estratégias que marcam as circulações no continente africano quer sejam internas, regionais ou internacionais, às articulações entre as relações de género, as mobilidades e as fronteiras. Portanto, dar conta das narrativas, discursos ou práticas que advêm da produção e formas de conhecimento de mulheres ou que as consideram. Portanto, esta proposta constitui um espaço que nos desafia a ter uma visão mais extensiva e integrada sobre as mobilidades e as fronteiras e pensarmos as mulheres migrantes na inserção no mercado de trabalho, nas conjunturas familiares e de vida privada, na educação e formação profissional, na inserção e centralidade das redes sociais, nos aparelhos jurídicos e políticos, nas experiências individuais ou identitárias, etc. |
20 | Fátima Lima Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ Julia Barboza Gambetta FAMATH/Niterói/RJ | Raça, Gênero, Sexualidade: Abordagens e Horizontes Sul-Sul | Partindo das multiplicidades e complexidades do que podemos chamar do ‘Evento Racial’, esta oficinária tem como cerne pensar e debater as relações e vicissitudes entre Raça, Gênero e Sexualidade a partir de uma aposta epistemo-metodológica interseccional, tendo no que se convencionou chamar de raça* a espinha dorsal e a chave interpretativa para compreensão de diferentes fenômenos. Temos no racismo e sexismo ou naquilo que Grada Kilomba chama de racismo genderificado uma das principais linhas que costura as inquietações e reflexões que o simpósio se propõe reunir. Nossa aposta Sul-Sul não é apenas geográfica, mas uma escolha política, privilegiando as reflexões produzidas por pensadoras(es) que têm, prioritariamente, produzido seus trabalhos em contextos marcados – de diferentes maneiras – pela força da colonialidade e do Cisheteropatriarcado racista, entre estes destacamos os contextos latino-americanos, brasileiros e africanos. A partir do evento racial – como a complexidade que arrasta as reflexões – aceitamos trabalhos que podem ser reflexões apenas teóricas, filosóficas bem como trabalhos que contemplem perspectivas empíricas. Ainda ressaltamos que cabem na nossa oficinária performances, material audiovisual, literatura negra, indígenas, entre outras, enfim, lugares de onde podemos pensar e discutir as questões chaves Assim cabem como possibilidades propostas que versem sobre: as diferentes experiências das mulheres negras, indígenas e racializadas, as experiências dos homens negros e racializados pela chave, principalmente das masculinidades, os gêneros e sexualidades dissidentes principalmente as experiências de gays negros ( ênfase nas bichas pretas), das travestis e transexuais negras, racializadas e indígenas, das lésbicas negras e, racializadas e indígenas, não-binárixs em contextos brasileiros, latino-americanos e africanos. Por fim também cabem no nosso simpósio pensar as principais discussões em torno dos Feminismos Negros e Mulherismo(s) tentando perceber as tensões constitutivas entre mulherismo(s) e feminismos negros e, principalmente as discussões contemporâneas acerca da categoria gênero. |
21 | Flaida José Macheze Natacha Brunnet | Mulheres, Ecologia e Bens Comuns | Esta Oficinária receberá comunicações orais que abordem a questão de como garantir os direitos das mulheres e mulheres jovens no acesso aos Recursos da Terra e outros recursos naturais num contexto de desenvolvimento não endógeno. O objetivo é promover uma discussão de como criar alternativas para garantia de produção alimentar saudável e sustentável para mulheres e mulheres jovens num contexto de mudanças climáticas em âmbito mundial e no caso de Moçambique, em particular. |
22 | Georgina Rabassó Universidade de Barcelona UB Ira Vovos Universidade Eduardo Mondlane UEM | Mulheres e Filosofia | As mulheres sempre se dedicaram a reflexão filosófica e o seu pensamento por mais que estivesse oculto durante vários séculos sempre existiu desde que a filosofia nasceu no século VI a.n.e. na Europa, China e Índia —com base ao que foi estabelecido pela historiografia ocidental. Na descrição histórica conhece-se cada vez mais as dívidas da filosofia grega antiga com a filosofia e religião egípcia, o mesmo acontece com a cultura africana, sendo esta uma questão que precisa de muita mais indagação ou atenção, sobre os paradigmas históricos e filosóficos. Sobre as mulheres filósofas deste período sabemos muito pouco. Porém, apesar da falta de informação sobre o pensamento feminino, conhecemos a existência de Hipatia de Alexandria, quem além de filósofa, foi professora e astrónoma, sendo uma das filósofas mais destacadas da Antiguidade. Os saberes destas mulheres muitas vezes excederam os limites da filosofia, porque o principal interesse que elas tinham não era somente filosofar, senão compreender e transformar a realidade. Através dos seus escritos transmitem-nos o desejo de conhecer, sendo está uma das características essenciais do seu próprio pensar que nunca foi arrebatado, apesar de que a própria actividade reflexiva ou contemplativa muitas vezes era impedido ou limitado ao acesso das instituições do saber. Conhecemos filósofas medievais como Hildegarda de Bingen, no Renascimento Christine de Pizan, da época moderna, como as Salonnieres, e a partir do século XX ainda são mais as vozes femininas que emergiram para tratar sobre filosofia política: Simone Weil, Hannah Arendt, Maria Zambrano, Angela Davis, Judith Butler, Patricia McFadden. Um dos desafios da actualidade é de poder dar a conhecer cada vez mais e melhor a excelência do pensamento feminino no percurso filosófico e sobretudo ressurgir as vozes de filósofas africanas e afrodescendentes para multiplicar o seu impacto no debate filosófico internacional. |
23 | Iris Amâncio Universidade Federal Fluminense (UFF) | GÊNERO, REPRESENTAÇÃO E EDUCAÇÃO: metodologias para o ensino das literaturas de escritoras africanas e afro-brasileiras | Considerando gênero uma categoria conceitual, analítica e metodológica, propomos refletir acerca das metodologias de ensino que, por estarem ancoradas em perspectivas ativistas antissexistas e antirracistas de impacto social, podem colaborar com a revisão e disrupção dos arraigados conceitos e princípios opressivos que subsidiam as práticas pedagógicas para o ensino das literaturas de Língua Portuguesa, bem como os processos de formação de professoras/es. Estudos e pesquisas comprovam ser urgente a horizontalidade entre mulheres negras africanas e afro-brasileiras na perspectiva da escrita literária. Isso porque o fato de essas autoras serem mulheres negras pode levar ao equivocado entendimento de que sejam iguais as suas cosmovisões e consequentes representações via literatura. Como sujeitas provenientes de distintas culturas, as pesquisas em linguagem literária revelam haver diferenças de pertencimentos, propósitos e discursos entre as suas respectivas produções artísticas. Com isso, emerge a importância de se lançarem olhares diferenciados sobre as representações identitárias de escritoras negras de Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Angola, Guiné-Bissau e Brasil, especialmente quanto ao potencial estético-discursivo das suas literaturas para a desconstrução das representações insistentes sexistas, racistas e classistas, ancoradas em cristalizados fundamentos patriarcais, coloniais e capitalistas que subsidiam os sistemas educacionais. Questões interseccionais relevantes como a importância das literaturas de mulheres negras para a derrocada dos paradigmas eurocentrados, teóricos e práticos, no ensino de literatura e o impacto social do ensino quando a partir de bases epistemológicas negro-africanas ou, em outras palavras, como os saberes locais e os fazeres literários das escritoras negro-africanas e afro-brasileiras podem permear os estudos e pesquisas em literaturas, de forma a provocar inquietações epistemológicas e realizações ficcionais disruptivas e inovadoras para a afirmação de paradigmas emancipatórios são aspectos altamente considerados nesta proposição. |
24 | Jacimara Souza Santana Universidade do Estado da Bahia (UNEB) Matilde Muocha Yethu Educação e Cultura para o Desenvolvimento | Mulheres, Saúde e cultura em África e Brasil: agentes, experiências e políticas. | Esta Oficinária tem por finalidade realizar uma mostra da contribuição das mulheres na produção do conhecimento de saúde e gestão de assistência às populações negras e ameríndias em África e Brasil. Ao longo do tempo mulheres na condição de parteiras, praticantes de medicina tradicional, lideranças ou membros de associações religiosas ancestrais africanas ou de matriz africana e ameríndias trabalharam e trabalham na assistência cotidiana de saúde às populações de forma complementar a assistência de saúde convencional, atuando enquanto produtoras de conhecimentos de saúde e guardiãs de suas heranças intelecto-culturais. O que estas experiências de ação pública promovida predominantemente por mulheres têm a ver com as políticas públicas de saúde? O que é política pública de saúde? Por que ao longo do tempo a sociedade e em alguns casos, o estado e/ou classe médica sustenta uma relação periférica ou excludente com a assistência de saúde promovida por essas mulheres e para as mulheres? Que contribuições teóricas estas experiências trazem ao campo de estudos de mulheres e relações de gênero/raça? Interessam-nos construir um diálogo acerca da produção de conhecimentos de saúde (concepções de saúde e percepções a volta da doença, recursos, maneiras, práticas experiências de cuidados e etc…) exercido por mulheres e refletir o lugar que esta produção ocupa ou deve ocupar nas políticas de saúde do estado, avaliando desafios, problemas e estratégias dos países africanos e do Brasil. Também reunir trabalhos que discutam propriedade intelectual, assistência de saúde pública, conhecimento tradicional e educação sobre a doença e saúde, Gênero e ou raça, aspectos socioculturais e influência externa e que torne visíveis as experiências de mulheres e suas memórias de intervenções em prol do bem estar social e da saúde das pessoas ao longo do tempo. São bem vindas/os pesquisadoras/es, lideranças e ou membros da medicina tradicional, de religiões ancestrais africanas e de matriz africana assim como ameríndias, profissionais da saúde, representantes de movimentos sociais e demais interessados no tema. |
25 | Jacqueline da Silva Costa Carolina Maria Costa Bernardo UNILAB – Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira | A Produção das Intelectuais Negras: Formação Intelectual, Política e Empoderamento das Mulheres Negras a partir do Pensamento Feminista Negro | A presente oficinária tem como objetivo discutir a importância das intelectuais negras e dos feminismos negros no cotidiano de nossas vidas, no fazer acadêmico e nos diversos lugares de circulação. A produção dessas mulheres nos auxilia compreender nosso lugar de existência, nossas experiências de vidas perpassadas por experiências diversas, dentre elas, os afro-afetos, o autocuidado, a sororidade, a resistência, as ancestralidades, experiências de racismo, sexismo, misoginia e xenofobia. O conhecimento produzido por intelectuais negras brasileiras, africanas, latino-americanas e norte-americanas nos auxilia ainda na construção e desconstrução de conceitos e teorias, amplia em nós mulheres pretas o sentimento de existência, construindo lugares seguros, de acolhimento, cuidados e afeto. |
26 | Jakson dos Santos Ribeiro UEMA/Brasil Valdenia Menegon SEDUC/MA/Brasil | Os Corpos e as Marcações de Poder entre o Atlântico: Questões de Gênero e Formas De Pensar Sobre Feminilidades e Masculinidades | As marcações sobre corpos femininos e masculinos à luz das experiências históricas, são demarcadas por iluminadores culturais que levam em consideração visões heterossexuais, políticas, religiosas ocidentalizadas, que atribuem e definem a funcionalidade desses corpos, bem como também orienta, a forma e os sentidos com que estes corpos devem se portar na sociedade, impondo lugares específicos a partir da anatomia física. Do mesmo modo, as produções acadêmicas por séculos, observaram e compreenderam os corpos de mulheres e homens a partir do domínio do masculino sobre o feminino. Nesse viés, brotaram e frutificam formas de agressões que não denotam apenas uma violência contra os corpos femininos, mas também dos corpos masculinos, já que o patriarcado atinge homens, de modo especial, os negros, que, em suas mais diversas experiências são alvos de violências que germinam a partir do padrão de gênero da branquitude. A proposta busca articular reflexões que apontem formas de pensar as questões de gênero dentro de contextos locais e internacionais, construindo um diálogo sobre as marcações de gênero e os sentidos para entender a construção de feminilidades e masculinidades e suas relações com o poder. Desse modo é relevante apontar como os marcadores sociais de diferença ocidentalizados percebem os corpos do lado de lá e de cá do Atlântico. Assim, a Oficina pretende compartilhar saberes atinentes à organização das mulheres, relações de poder, construção social de masculinidades e feminilidades, gênero, abordagens, representações, trajetórias, redes e diversidades, a partir de diálogos e trocas de experiências tanto no campo dos estudos de gênero quanto em áreas afins no intuito de fortalecer o debate com outras disciplinas. |
27 | Janja Araujo UFBA Elizia Ferreira UNILAB Larissa Ferreira IFB | Chamada de Mulher: rodas de re-existência | Os conhecimentos diaspóricos africanos evidenciam os esforços pelo restabelecimento de cosmogonias em realidades adversas a si mesmas. Indicam ainda o valor da liberdade como condição fulcral à sustentação destas matrizes interpretativas de si e do mundo. Estamos falando de acervos que passam a ser convertidos em ancestralidade para orientar a permanência num território de pertencimento, que não foi desfeito, ainda que marcado pelos horrores da escravização. Este dinamismo tradicional se refaz em novas temporalidades nos orientando a refletir, permanentemente, o lugar de onde vimos bem como os lugares onde tentam nos impedir chegar. Na capoeira o que denominamos de Chamada indica, antes de tudo, a crença num recomeço, numa outra forma de jogar. Tratar-se de uma teorização do jogo que reivindica, para valorizar o próprio do jogo, a retomada de princípios e valores considerados fundamentais para que o rito de comunicação ali iniciado tenha continuidade, de preferência fazendo refletir procedimentos e estratégias que garantam sua melhoria e, principalmente, sua continuidade. Mais ainda, dizemos que este novo jogo está sendo reivindicado. A oficinária Chamada de Mulher: rodas de re-existência propõe debater a presença feminina em espaços tradicionais e suas formas de reescrita de si mesmas bem como suas estratégias coletivas de resistência aos marcadores de desigualdade que ali operam, concreta e simbolicamente. É também o desafio de reposicionamentos das cosmovisões africanas e afro-diaspóricas nos processos de descolonização das nossas corporeidades frente aos retrocessos pretendidos na expansão de novos sistemas de controle, de caráter sobretudos os de caráter moral e religioso que põe em risco estas pertenças como escritas de si, coletivamente. Aqui, portanto, buscamos reunir trabalhos, pesquisadoras, ativistas e artista que fazem da sua atuação, artivismo. |
28 | Joana Célia dos Passos Patricia de Moraes Lima Universidade Federal de Santa Catarina | Mulheres, infâncias e lutas por direitos | Partimos nessa oficinária do entendimento que na cultura ocidental a marca da organização societal centra-se no patriarcado e o cuidado das crianças é continuamente delegado às mulheres. A constituição do gênero para as mulheres carrega esse sentido de uma “natureza” que tem por destino um dado de submissão e subordinação a uma cultura heteronormativa que cultua o lugar-de-poder do homem como aquele que precisa ser “preservado” e reiterado por um permanente assujeitamento das mulheres e por sua vez, das crianças. A referência da branquitude ocidental atua sobre essa condição normativa, pois tem como centro a experiência histórica das mulheres brancas como àquelas que reafirmam a produção do patriarcado pelo dado cultural eminentemente constituído pelo modelo eurocêntrico. Ocorre que ao tratarmos da interseccionalidade como “um sistema de opressão interligado” e ao descentramos a branquitude e recolocarmos no centro das nossas referências a negritude a partir de outros territórios, tais como no continente africano e na américa latina podemos nos perguntar: como as mulheres nesse contexto global onde se descortina-se o que é o “centro“, assumem a luta por seus direitos associadas a luta pelos direitos das crianças? Como a cultura negra atua sob suas referências para a desconstrução dos papéis sociais, na produção de gênero e das infâncias na sociedade contemporânea? Nosso objetivo aqui é conhecer experiências culturais, sociais que atuam no descentramento da branquitude e no empoderamento negro e seus reflexos na produção das mulheres e das infâncias contemporâneas. |
29 | Joana Maria Pedro Tauana Gomes Silva Universidade Federal de Santa Catarina | Gênero e sexualidade nas múltiplas intersecções. | E num primeiro momento escrever a História das Mulheres e das sexualidades dissidentes, com a abordagem de gênero pareceu inovador, o questionamento das questões de raça/etnia e classe mostrou que a categoria interseccionalidade tornava-se imprescindível. As contribuições do feminismo negro tornaram muito mais complexa a operação historiográfica. Reconhecer que os corpos que importam têm raça, classe, gênero e sexualidade permite perceber os impactos diferenciados da misoginia, da desqualificação e da discriminação. Somam-se a isso as questões regionais, relativas aos recentes processos migracionistas que têm como consequência o deslocamento de significativos grupos de mulheres dos países do sul em direção aos países do norte, mas também dos países do sul em direção a outros países do sul global. Gerando, atualmente, diferentes discursos de intolerância e práticas políticas específicas de opressão baseadas na descendência e na origem nacional. Esta oficina pretende discutir a capacidade inovadora da categoria interseccionalidade nas pesquisas sobre gênero e sexualidade, trazendo para o debate as pesquisas que têm articulado esta discussão na análise das fontes. As investigações que trazem análises sobre experiências de vida inscritas na convergência dessas identidades sociais, seja no âmbito nacional ou internacional, serão muito bem vindas. |
30 | Joaquim Nhampoca Universidade Eduardo Mondlane, Departamento de Sociologia | Prevenção e combate as Uniões prematuras: entre o social e o jurídico | Os casamentos prematuros ou uniões prematuras (forçadas), a par das gravidezes precoces constituem, na actualidade, a questão de voga em Moçambique e além-fronteira. Trata-se de uma preocupação não apenas resultante das suas consequências práticas, como também, da flagrante violação dos direitos da Criança consagrados nos instrumentos legais nacionais, regionais e internacionais. Em Moçambique, várias acções têm sido levadas a cabo para a prevenção e combate aos casamentos prematuros, com alguns ciclos da sociedade Moçambicana a pontar os ritos de iniciação numa relação causa-efeito face aos casamentos prematuros. Resultados do Inquérito Demográfico e de Saúde 2011 referem que o país possui uma taxa de 48% de mulheres de 20-24 anos que se casaram antes dos 18 anos. No contexto global o país ocupa o 9° lugar na lista de países com maiores índices de casamentos prematuros, o que de algum modo levou a revisão da Lei 10/2004, de 25 de Agosto (Lei da Família), com a revogação do nº2 do artigo 30 que excepcionalmente abria espaço para o casamento aos 16 anos. Esforços legislativos culminaram, ainda, com a aprovação da Lei 19/2019, de 22 de Outubro (Lei da Prevenção e Combate as Uniões prematuras). No entanto, com esta lei emergem novos desafios associados à capacidade institucional de resposta às acções de mitigação previstas na lei. Outrossim, é a preocupação de pais e/ou encarregados de educação em relação ao procedimento a tomar quando uma menor de 18 anos contraí uma gravidez visto que a prática quotidiana das famílias é de responsabilizar a pessoa que terá engravidado, o que per si é penalizado pela actual lei das Uniões prematuras. Adicionalmente, é a aparente contradição entre as práticas socioculturais e a lei penal. Motivo para questionar se estaríamos num conflito entre a tradição e a modernidade? Ou diferentes contextos (rural e urbano)? |
31 | Kátia Regina Aroucha Barros Comissão Nacional de Fortalecimento das Reservas Extrativistas e Povos e Comunidades Tradicionais Extrativistas Costeiros e Marinhos | Territórios das mulheres extrativistas costeiro e marinho: impactos sobre a vida e estratégias em tempos de mudanças climáticas | Considerando que pesca está em colapso no mundo todo. Tendo os manguezais recifes de corais, campos submarinos e outros ecossistemas costeiros e marinhos como muito importantes para a vida marinha, para resistir aos ataques dos eventos climáticos e da subida do nível do mar e para proteção dos espaços de vida e trabalho das comunidades de pescadores e pescadoras artesanais. E sendo as comunidades, por sua vez, que tem grande potencial de proteção desses ecossistemas costeiros e marinhos cruciais, pela sua ocupação e uso sustentáveis. Considerando que muitos ecossistemas marinhos ou costeiros apresentam importante conteúdo em carbono e papel também na mitigação das mudanças climáticas, e que as mulheres extrativistas desses territórios tem sido as mais impactadas e também as principais protagonistas quando se trata de pensar e implementar estratégias de superação.. E considerando que a missão da CONFREM Brasil é desenvolver, articular e implementar estratégias coletivas visando o reconhecimento e a garantia dos territórios/maretórios extrativistas tradicionais costeiros e marinhos na dimensão social, cultural, ambiental e econômica, garantindo os seus meios de vida e produção sustentável. E o fortalecimento das redes de mulheres extrativistas tem sido uma das principais bandeiras. Rede de Mulheres Extrativistas do Sul da Bahia, Rede das Catadoras de Mangaba em Sergipe, Rede de Mulheres dos Manguezais Amazônicos nos estados do Maranhão, Pará e Amapá. Propomos a realização de oficina com a temática: TERRITÓRIOS DAS MULHERES EXTRATIVISTAS COSTEIRO E MARINHO: IMPACTOS SOBRE A VIDA E ESTRATÉGIAS EM TEMPOS DE MUDANÇAS CLIMÁTICAS. Interação de conhecimentos acadêmicos e tradicionais pesqueiros que comprovam a efetividade dos Territórios Tradicionais para a conservação de ecossistemas marinhos, proteção de manguezais, recifes de coral e recursos pesqueiros em tempos de Mudanças Climáticas e o que fortaleça o protagonismo das mulheres nesses territórios. |
32 | Kátia Taela Solange Rocha | Mulheres e protestos em contextos repressivos | Objectivos Esta oficinária trará um conjunto de contribuições que interrogam o lugar do protesto na vida privada e pública das mulheres e sua relação com construção de subjectividades e identidades políticas. Os artigos consideram tanto a dimensão individual como colectiva dos protestos, considerando tanto protestos que reúnem multidões como aqueles que apenas mobilizam um punhado de pessoas. A chamada está aberta para contribuições que discutam as seguintes questões com diferentes perspectivas disciplinares, conceptuais e metodológicas: 1. Que possíveis diálogos existem entre formas privadas e públicas de protesto? 2. Qual é o lugar dos protestos na construção de movimentos pelos direitos humanos das mulheres? 3. Em que medida a presença ou ausência de repressão influência a forma como os protestos são constituídos e interpretados por diferentes actores? 4. Que formas de subjectividade política nos revelam a participação das mulheres em protestos? 5. Em que medida os protestos e formas de repressão influenciam a constituição e expressão de identidades políticas? 6. Exemplos situações que alteraram a forma normativa como se pensa acerca dos protestos e dos diferentes tipos de participantes em protestos. Tipos de comunicação oral Convidamos artigos académicos, contudo também estamos abertas para formatos alternativos (escrito ou áudio-visual) com um forte potencial analítico. Independentemente do formato, as contribuições devem oferecer uma resposta clara a pelo menos uma das questões acima e introduzir uma questão ou argumento para ser discutido durante a oficinária. Os artigos devem ter entre 1,500 e 2,000 palavras e os vídeo-áudios no máximo 10 minutos de duração. As contribuições devem ser enviadas para a comissão científica e proponentes das oficinárias com antecedência. Metodologia A oficinária será em formato perguntas e respostas, onde a moderadora do painel irá fazer perguntas específicas de acordo com a luz da contribuição submetida e aprovada. Em seguida haverá uma discussão com a demais audiência. |
33 | Larissa Lisboa Universidade de São Paulo (USP) | As experiências do feminino em diálogo: a escrita de mulheres em Moçambique e no Brasil. | A produção literária de autoria feminina tem demonstrado cada vez mais sua potencialidade, visto a literatura caminhar com as histórias e conquistas do feminino. Moçambique e Brasil são países com uma construção histórica comum, visto os processos de colonização, mas muito diferentes em diversos aspectos, inclusive quanto aos desenvolvimentos do feminino. Contudo, se observarmos a produção literária contemporânea de escritoras moçambicanas e brasileiras, é possível encontrarmos interessantes pontos de diálogo sobre as experiências vivenciadas, ou mesmo as suas diferenças. Logo, a presente oficina tem como objetivo a construção de um espaço de escuta e troca de saberes sobre as diversas produções literárias de mulheres moçambicanas e brasileiras. Para tanto, a oficina convida estudantes, pesquisadorxs, professorxs ou mesmo interessadxs nessas literaturas e que tenham reflexões sobre essas produções que julguem interessantes ao debate. As comunicações poderão tratar especificamente de cada uma dessas literaturas ou das duas, de forma comparada. |
34 | Lia Córdoba Garrido Universidad de La Salle, Medellín – Colômbia; Michele Lopes da Silva Alves Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais – FAE/UFMG, Belo Horizonte – Brasil | Mulheres Negras Sem Lugar – a transição reflexiva ao racismo para a busca de novas possibilidades | O medo do não-lugar, de estar SemLugar, de ser ignorado, dado pelas experiências de segregação advinda das discriminações raciais sofridas, tem sua conotação na ordem do simbólico, entendido como representações sociais, a partir das quais os sujeitos nomeiam, pensam e narram o mundo. Essas representações constroem uma rede de significados que instituem e justificam uma ordem social historicamente dada pelo poder hegemônico, presentes em várias profissões, como a de ser professora. Nesse sentido, o não-lugar na ordem do simbólico se consolida como uma rede de representações sociais instaladas no sujeito por experiências consecutivas de segregação racial. Experiências que roubam das sujeitas professoras a esperança e o desejo de sonhar, enquanto reduzem as possibilidades de ser profissional. O medo de querer não é um medo instintivo. É o de não acreditar na capacidade laborial, tolindo e empurrados muitas professoras ao SemLugar. Isso é colocado como um ato consciente do sujeito historicizado, que é reconstruído no presente via múltiplas relações significativas estabelecidas na própria experiência de cada ser, com outras narrativas e subjetividades coletivas. O medo de ficar SemLugar é um estado de consciência que habilita criativamente as sujeitas a assumirem no presente o legado histórico em relação ao futuro desejado. Em dar conta de seu própria experiência de problemas e sintomas antigos. O SEMLUGAR constitui ausência da consciência daquilo que se deseja apagar do que é. E o latente medo deste SemLugar constitui a necessidade de respostas ao vazio, para deixar a ignorância de uma realidade presente que augura certos futuros na dinâmica local e global. Esse SemLugar é um estado de transição reflexiva a buscar possibilidades e alternativas de transformação para encontrar novos lugares. Diante disso, o convite dessa Oficinária destina-se a todas professoras negras a construírem narrativas do SemLugar profissional que foi ponte para outras possibilidades de lugares de docência. |
35 | Lúcia Helena Guerra Clélia Francelina Pondja Universidade Federal de Pernambuco e Centro de Integridade Pública | Articulações entre gênero e saúde: olhares a partir das políticas e serviços públicos. | Os processos de saúde, cuidado e doença estão atravessados pela dimensão de gênero, no que diz respeito aos modos de atenção, ao tipo de adoecimento e políticas públicas. Muitos países, entre os quais Moçambique, possuem programas e políticas voltadas à saúde das mulheres e raparigas/meninas, frequentemente como resposta às demandas do movimento feminista e por exigência de instituições internacionais, como FMI ou Banco Mundial. Embora essa incorporação não seja garantia de boas práticas no oferecimento destes serviços. Assim, estimula-se o envio pesquisas que possam trazer subsídios para uma discussão e reflexão sobre as ausências e transformações nos serviços públicos de saúde, e os impactos desta realidade na vida das mulheres. Nesta oficina, também pretendemos valorizar a apresentação de intervenções sociais, resistências e alternativas (estatais ou não estatais) que nos ajudem a compreender as dimensões entre gênero e saúde nos processos de cuidado e adoecimento, levando em consideração ainda as relações de poder e desigualdade neles envolvidas. No cenário de contexto de crise, desmantelo das políticas públicas e ameaças crescentes dos direitos conquistados, discutir a importância e os significados sociais do cuidado e da saúde das mulheres é um assunto que consideramos dos mais relevantes. |
36 | Lúcia Maria Aquino de Queiroz Universidade Federal do Recôncavo da Bahia Clécia Maria Aquino de Queiroz Universidade Federal de Sergipe | A Resistência da Cultura em um Contexto de Neoliberalismo e Globalização | Esta oficinária se propõe a agregar reflexões acadêmicas e artísticas que analisem a resistência da cultura e, mais especificamente, de grupos culturais compostos por mulheres, em um contexto em que reina a ideologia neoliberal e as influências de uma globalização perversa, caracterizada pela competitividade, comando político do capital empresarial, tirania do dinheiro e da informação. Neste cenário adverso grupos compostos pela força feminina vêm utilizando sua arte, seu trabalho artístico como forma de fortalecimento de laços identitários, de preservação e salvaguarda do seu patrimônio cultural e de melhoria da qualidade de vida das integrantes, inclusive no que se refere à saúde mental. Com a colaboração de diversas experiências e saberes dos participantes esta oficinária se propõe a refletir sobre a ação desses grupos, dentre os quais alguns responsáveis por referências culturais reconhecidas como patrimônio, analisando suas trajetórias, ações, dificuldades e mecanismos utilizados para sobrevivência. Em adição, visando contribuir com uma experiência concreta, esta proposta compreende também a realização de oficina teórico-prática de Samba de Roda, referência cultural central para um conjunto de grupos brasileiros situados, sobretudo, no Estado da Bahia, a ser ministrada em três horas. Estudos realizados pelas proponentes revelam que o Samba de Roda, patrimônio imaterial do Brasil (2004), da Bahia (2020) e Obra Prima da Humanidade pela UNESCO (2005), tem possibilitado o fortalecimento de diversos grupos culturais, a constituição de novos mecanismos de gestão da cultura, o empoderamento feminino e melhoria das condições de vida de mulheres integrantes de grupos que se organizam em prol desta forma de expressão, as denominadas sambadeiras. A troca de experiências, teórico-práticas, proposta por esta oficinária tem por finalidade central contribuir com alternativas possíveis de resistência para mulheres e grupos femininos, situados, sobretudo, em países em desenvolvimento, subjugadas por preconceitos raciais, sociais, pelo colonialismo e machismo imperantes nas localidades em que vivem. |
37 | Luciana Patrícia Zucco Mara Lago Teresa Kleba Lisboa Universidade Federal de Santa Catarina | Violência contra a Mulher, interdisciplinaridade e Formação Profissional | O enfrentamento à Violência contra a Mulher requer um trabalho interdisciplinar e intersetorial. A equipe de profissionais que atende mulheres em situação de violência nas Instituições que compõem a Rede de Enfrentamento, geralmente, é formada por Assistentes Sociais, Psicólogas/os e Operadores/as do Direito. É recomendável que no processo de formação dessa equipe de trabalho, os estudos feministas e de gênero tenham feito parte do currículo, para que possa ocorrer um intercâmbio produtivo e racional, cada qual trazendo para o cotidiano de intervenção as categorias teórico práticas de sua área, numa perspectiva interseccional, atentando para as questões de gênero, classe, raça/etnia entre outros. A Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006) prevê em suas ações três tipos de medidas: a prevenção, a proteção (ou assistência) e a sanção. Em cada uma dessas medidas as/os profissionais possuem conhecimentos e habilidades para trabalhar em equipe, sendo fundamental para a acolhida das mulheres, orientações e encaminhamentos à Rede de Serviços, cursos que assegurem processos reflexivos sobre o fenômeno e atualização da literatura e legislação. A partir de uma abordagem feminista, propomos partilhar as ações realizadas pela academia no âmbito da UFSC/Brasil para a formação continuada de equipes e profissionais que atuam ou pesquisem sobre a temática ao longo da Pandemia/Covid-19. É notório nos meios de comunicação e institutos de pesquisa o aumento da violência contra a mulher nesse período no Brasil e outros países, o que nos levou a formular cursos que pudessem discutir as legislações e aspectos conceituais das violências contra a mulher, especificamente o feminicídio (Lei 13.104/2015). Lembramos que esses/as profissionais propõem políticas públicas, organizam e preveem recursos para implementar técnicas para trabalhar no vasto campo da violência de gênero. |
38 | Lyda Mayerly González Orjuela Michele Alves Universidad Antonio Nariño e Instituto Federal de Educación Ciencia y tecnología de Piauí | Caminos y sentires de las mujeres: posibilidades para seguir sembrando paz | En el mundo entero las mujeres dentro de cualquier espacio de conflicto armado cuentan con una marca de violencia que supera las vividas por los hombres, son las mujeres quienes han sentido el dolor de la guerra en una magnitud superior; son violentadas tanto en su sexualidad, en su papel como madres, abuelas, tías, cuidadoras, en su fuerza de trabajo, el dolor por el desplazamiento forzado, así como la agudización de las violencias en contra de mujeres que pertenecen a grupos históricamente excluidos: sectores sociales LGBT, comunidades afro, grupos indígenas, niñas, ancianas, con discapacidad, entre otras. En ese mismo sentido son las mujeres quienes a lo largo de la historia han mostrado la mayor valentía y resiliencia para seguir avanzando a pesar de las marcas en sus pieles, la desaparición de sus hijos, el olvido Estatal. El querer volver a rehacer sus vidas muestra al mundo, a través de sus voces, que es la mujer quien jalona la restauración de paz en sus territorios. Con todo lo anterior, el taller que se propone es la invitación a que todas las participantes del mundo narren desde su propia vivencias, o la de otras mujeres, sus experiencias de lucha, mujeres que después de transitar por episodios de vergüenza, desolación y muerte, hicieron frente a la adversidad de la guerra creando nuevas apuestas para seguir caminando, para seguir reconstruyendo la vida. |
39 | Maria Zanela Gabriela da Silva Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) | TransIdentidades, corporalidades dissidentes e interseccionalidades em contextos latinoamericanos: perspectivas decoloniais | O presente Simpósio Temático (ST) tem como objetivo articular reflexões e saberes acerca da pluralidade de identidades negras, travestis, transexuais e transgêneras e suas dissidências corporais, à luz de processos constitutivos interseccionais e decoloniais. A partir de uma perspectiva transdisciplinar o ST propõe reunir estudos de diferentes áreas do conhecimento, assim como aproximar diálogos e epistemes acadêmicos e ativistas, que contribuam para evidenciar a potência das vozes latinoamericanas, de modo a problematizar práticas coloniais e hegemônicas no campo dos estudos de gênero, feministas e correlatos. O ST acolherá estudos que tratem do movimento de negras/os, travestis, transexuais e transgênerxs na América Latina, em suas múltiplas reivindicações e lutas; a diversidade de experiências do/com o vivido das TransIdentidades e as intersecções entre raça/etnia, gênero, sexualidades, classe, geração e deficiência, dentre outras condições e categorias sociais que se conectem à proposta temática apresentada. Este ST poderá propiciar um espaço de interlocução e reflexão importantes à produção e circulação do conhecimento aos estudos de gênero e feministas. A sua incorporação na programação do evento se justifica pela emergência e insurgência, nas últimas décadas, de lutas dos Movimentos Negro, LGBI (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Intersexo) e Travesti/Trans, aliadas aos feminismos, mobilizadas ao enfrentamento das desigualdades raciais, sexuais e de gênero em contextos latinoamericanos. Destarte, espera-se com esse ST acolher e discutir propostas de trabalhos que abordem as múltiplas e diversas dissidências corporais, desde uma perspectiva interseccional e decolonial, aglutinando saberes oriundos tanto das práticas acadêmicas como das práticas militantes. |
40 | Matilde Ribeiro UNILAB – Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-brasielira | Brasil e África: desafios das políticas de igualdade racial e de gênero em âmbito nacional e internacional | A oficinária propiciará reflexão e diálogo entre mulheres brasileiras e africanas sobre a relação Brasil-África considerando as politicas públicas em todas as áreas, mas em especial as de igualdade racial e de gênero. As políticas públicas, nesse contexto, são consideradas como ações afirmativas, reafirmando as políticas externas. No Brasil, como política interna, as ações de promoção da igualdade racial, são intensificadas a partir doa anos 1980, tomando maior densidade nos anos 2.000. Também, no século XXI, são intensificadas relações do Brasil com o continente africano, em especial, nos períodos do governo Luís Inácio LULA da Silva (período de 2003 a 2010). Assim, nessa oficinária pretende-se intercambiar informações e elaborar proposições a partir do olhar e da perspectiva das mulheres negras sobre a relação Brasil-África. |
41 | Miriam Pillar Grossi Universidade Federal de Santa Catarina Carmelita Silva UNICV | Violências de (baseada em) gênero no Mundo: balanço de pesquisas, políticas públicas e ativismos | As violências que ocorrem nas relações de gênero, ganharam nas últimas cinco décadas, relevância social e teórica em decorrência das reivindicações dos movimentos feministas locais e globais e de convenções internacionais. Propomos, nesta oficinária, o compartilhamento de pesquisas, ações militantes e políticas públicas em diversos países do mundo. No que diz respeito à pesquisa propomos fazer uma análise comparativa dos conceitos e metodologias utilizados neste campo teórico-metodológico que teve inicialmente como foco a violência contra a(s) mulher(es), passando por outras denominações como violência doméstica e/ou conjugal, violências de gênero ou violência com base no género. No que diz respeito ao ativismo desejamos comparar as propostas de ação, palavras de ordem, práticas militantes desenvolvidas em diferentes contextos locais e nacionais. Em relação às políticas públicas propomos a comparação das diferentes legislações de combate às violências de gênero, assim como as ações de judicialização e/ou prevenção desenvolvidas. Estimulamos às participantes que contribuam, à partir de uma perspectiva feministas pós e decolonial à refletir sobre os discursos e práticas coloniais que tendem, recorrentemente, a naturalizar as diferentes formas de violências, tomando classe, raça, género orientação sexual e marcadores geográficos como questões fundantes. Propomos ainda, que o GT seja um espaço de interlocução entre gestoras e representantes do campo político, ativistas sociais e acadêmicas em torno das das violências nas relações de género, permitindo a interlocução entre diferentes atrizes sociais do campo de estudos, ativismos e políticas públicas em torno da temática das violências baseadas em gênero. |
42 | Nelson Mugabe UERJ Judite Chipenembe UEM | Lutas e Direitos LGBTQI+ | Os movimentos LGBTQI+ lutam historicamente contra a opressão que nega direitos civis, sociais e humanos aos sujeitos LGBTQI+ e no combate ao preconceito e a discriminação. A proposta desta temática é reunir textos académicos, análises políticas, depoimentos de vida e de lutas diárias por direitos dos sujeitos pertencentes aos segmentos LGBTQI+ evidenciando a complexidade das vidas e das experiências LGBTQI+ com contribuições que exploram temas como construção de identidade de género e sexuais, formas de sociabilidades GBTQI+, resistências e agencias dos sujeitos LGBTQI+, politicas globais e redes transnacionais de advocacy dos direitos LGBTQI+. |
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Paola Diniz Prandini Ana Helena Ithamar Passos |
O feminismo é branco?! Diálogos e práticas críticas à branquitude e às colonialidades em África e nas Diásporas | O feminismo, no século XXI, torna-se um movimento de resistência aos fenômenos políticos globais e parte do seu corpus está fundamentada nas cosmovisões ocidentais, masculinas e heteronormativas. Choques culturais protagonizam a construção epistêmica do pensamento feminista quando questionado a partir de diferentes pertencimentos étnico-raciais (OYÈWÙMI, 2004). No final do século XX, emergiram produções em torno do feminismo interseccional (AKOTIRENE, 2018; CRENSHAW, 2002) e do ativismo LGBTTQIAP+, assim como a ampliação dos estudos sobre feminismos negros nas diásporas africanas, que questionavam a unicidade discursiva do pretenso feminismo universal, levantando uma reflexão: o feminismo é branco?! Os estudos críticos da branquitude (BENTO e CARONE, 2002; FRANKENBERG, 2004; SOVIK, 2009; STEYN, 2004; VRON WARE, 2004; WESTHUIZEN, 2017) são alocados dentro da produção de conhecimento de e pós-colonial e fornecem ferramentas para ampliar o debate das teorias raciais e para alargar o entendimento sobre os movimentos feministas e as agendas políticas de mulheres no ativismo interseccional. Questionar o lugar da branquitude no feminismo é também dialogar com a pluralidade de fazeres e saberes sobre as sociedades (KILOMBA, 2019). Com base neste cenário, o propósito desta oficinária é construir uma discussão crítica sobre privilégios e significados em torno da concepção do feminismo branco-centrado, que habitam o continente africano e suas diásporas. Esta oficinária também buscará refletir sobre o que a branquitude tem a ver com o feminismo, entender as diferentes dinâmicas de poder e não poder sobre corpos racializadas em realidades distintas e como o pertencimento étnico-racial emerge como um marcador das vivências em sociedades com marcas coloniais. Trata-se de discussão ligada à contemporaneidade, visto que os marcadores sociais de diferença, como raça e gênero, fazem parte tanto da discussão teórica sobre feminismo interseccional como do ativismo de movimentos feministas que buscam a equidade racial e de gênero nas sociedades africanas e afrodiaspóricas. |
44 | Páscoa Themba Buque Deolinda Fernando Associação Kulani | Mulher: os desafios para sua inclusão económica | Como diz Christopher (2008) “…as Femeas Alfa são uma força extremamente poderosa no mundo dos negócios. Pensam por objectivos, assumem toda a responsabilidade pelos resultados, não abdicam do seu poder…são mestres na criação de poderosa rede de contactos”. Hoje é notória a mudança de paradigma, vemos mais mulheres expostas ao mundo de trabalho, fora de portas caseiras que, ajudadas pela dinâmica do desenvolvimento tecnológico global e da consolidação do sistema de mercado, aumentam a sua participação como força de trabalho e geradoras de renda. Em Moçambique a inclusão da mulher no mercado de trabalho e de geração de renda é considerável, mas ainda há barreiras que as mulheres enfrentam para suprir e se fazerem na dianteira como actores económicos. Mariza Esculudes afirma “como mulher a minha participação deu impulso ao crescimento do negócio, trouxemos maior produtividade e crescimento ao empregar mais mulheres. É verdade que tivemos barreiras no acesso ao financiamento, mas olha…hoje somos melhores mutuários”. Esta depoimento mostra que basta a mulher ser audaz e participar que os resultados são os melhores. Conforme a Sra Marliza quanto mais mulheres participavam, a empresa embarcava noutros níveis de processamento e empacotamento de produtos agrários no seu empreendimento. Neste temática pretendo juntar-me a mais uma colega para coordenar o debate e aprofundar a reflexão sobre como reduzir as barreiras à participação da mulher na força de trabalho e geração de renda, assuntos como acesso a políticas para o desenvolvimento sustentável, acesso a mercados, preços e finanças, serão tratados. |
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Paula Machungo Suraia Gani |
O desafio da autonomia económica das Mulheres Jovens | O objectivo da proposta é reflectir sobre as pesquisas académicas e as experiências das organizações e movimentos sociais relativo ao compromisso e estratégias para aumentar o poder económico das mulheres jovens que resulte em sua autonomia económica através do acesso ao emprego ou com negócios bem sucedidos. Esta oficinária convida a discussões que devem combinar abordagens para reduzir as barreiras que as mulheres jovens enfrentam para a realização do seu potencial no mundo do emprego ou para ter negócios exitosos. Ressaltam-se alguns eixos de debates: Embora homens e mulheres jovens enfrentam barreiras práticas similares, a exclusão das mulheres jovens é exacerbada pelas normas e valores sociais enraizados, que podem limitar significativamente as opções disponíveis para elas. Desafiar as dinâmicas de poder, normas e valores é parte essencial das estratégias que leva as/os jovens a tomarem consciência das vulnerabilidades e desigualdades em que vivem, e ao mesmo tempo, sistemicamente, significa criar um ambiente favorável para as jovens trabalharem ao fazer ‘fissuras’ nas estruturas patriarcais. Há muitas evidências, em Moçambique e a nível internacional, segundo as quais o empoderamento económico pode aumentar a vulnerabilidade em certas circunstâncias, por causa da existência da violência no local de trabalho ou por causa da violência doméstica, como resultado da mudança dos papéis de género e das relações de poder. Inovar nas metodologias desde uma perspectiva interseccional com uma perspectiva libertadora frente a um contexto profundamente adverso ao utilizar os princípios Freirianos com uma abordagem feminista orienta uma critica aos sistemas de normas sociais e aponta tanto às aprendizagens como o significado do que delas transforma. A proposta metodológica da oficinária: fazer uma representação visual (um mosaico ou uma pintura) que expresse as experiências das participantes 1) através de testemunhos que tragam os sentimentos e relatos de mudanças ocorridas 2) através dos relatos das estratégias practicas com possíveis evidências de como/ ou o que fazer para mudar a realidade rumo a autonomia económica das mulheres jovens. |
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Ruth Castel-Branco Southern Centre for Inequality Studies, University of the Witwatersrand Paula Machava Universidade Lúrio/ Centro dos Estudos Sociais da Universidade de Coimbra Rosimina Ali Instituto de Estudos Sociais e Económicos |
Trabalho, Género, Transformação Económica e Redistribuição Social | Nas últimas décadas, a expressão ‘empoderamento económico das mulheres’ tornou-se moda nos discursos propalados pelas agências de desenvolvimento, doadores, e sociedade civil. Por um lado, esta tendência reflete um reconhecimento crescente de que os frutos do crescimento económico não estão a ser partilhados de forma equitativa. Em Moçambique, o modelo de desenvolvimento extractivista tem acelerado o processo de expropriação de terras, exploração da/os trabalhadora/es e a exclusão social, aumentando, desse modo, a necessidade de políticas sociais redistributivas. No entanto, o papel redistributivo do Estado tem sido enfraquecido por esse modelo económico extractivista, aprofundando, assim, a crise de reprodução social no país. As mulheres têm sido desproporcionadamente afectadas, sobretudo quando são obrigadas a conciliar o duplo cargo de trabalho produtivo e reprodutivo. Por outro lado, o/as apologistas desses discursos, ao invés de desafiarem este modelo de desenvolvimento extractivista a promover um trabalho digno, decente e justo tendem a defender a incorporação das mulheres nos mercados de trabalho existentes, sem se importarem com a organização produtiva e social do trabalho, muito menos com as condições precárias que estes possam oferecer. Além disso, o/as proponentes mainstream tendem a ignorar as formas diferenciadas em que as mulheres são subordinadas, em termos de classe, raça, origem étnica, orientação sexual, localização geográfica, etc, mas também a distribuição desigual do trabalho nos lares que coloca as mulheres em duas ou mais jornadas. De certo que a promoção da insegurança laboral sob o pretexto do crescimento inclusivo tem sido contestada, nomeadamente por organizações de mulheres da classe trabalhadora. À vista deste contexto de promoção de condições precárias de trabalho em nome do empoderamento, que não só afecta as mulheres moçambicanas, mas também as mulheres empobrecidas, migrantes ou não, maioritariamente negras, em vários países, esta oficinária convida académica/os, activistas sociais, pesquisadora/es, artistas, ou seja, a todas as pessoas que se interessam pela temática a apresentar propostas que desconstruam concepções dominantes do empoderamento económico e do trabalho da mulher – e que destacam o papel das lutas sociais na garantia de melhores meios de subsistência. A/os proponentes dos resumos são convidada/os a usar uma variedade de meios (escritos, banda desenhada, teatro, música e fotografia), desde que exponham e problematizem melhor os temas propostos para esta oficinária. Serão, neste sentido, bem acolhidas propostas que procurem promover um debate interseccional sobre os tópicos abaixo, embora não se resumam a estes: • Transformação económica, acumulação e estrutura do mercado de trabalho; • Género, discriminação e empoderamento económico das mulheres; • O significado do trabalho, do emprego e da relação entre o trabalho produtivo e reprodutivo; • Trabalho, modos de vida e as (inter-)relações entre a economia formal e informal; • A intersecção entre sexo, raça, classe, sexualidade e outros eixos de poder; • Salários, rendimentos e condições básicas de trabalho; • Proteção social, serviços públicos e o papel redistributivo do Estado; • Saúde, trauma e segurança no trabalho; • Assédio sexual, abuso e violência no trabalho; • Resistência, organização e poder do/as trabalhadore/as; Educação popular para a transformação social. |
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Sandra Manuel* Universidade Eduardo Mondlane Faculty of humanities and Social Sciences Department of Archaeology and Anthropology* Rehana Capurchande** Department of Sociology** |
Produção científica sobre género e sexualidade e o impacto do regime internacional de desenvolvimento | Este painel convida trabalhos que discutem o impacto do regime de desenvolvimento internacional no ensino, aprendizagem e produção de pesquisa sobre género e sexualidade no Sul Global. O convite surge do reconhecimento de uma construção discursiva de alteridade do regime de desenvolvimento internacional, que define o Sul Global como o “Outro”. No campo do género e da sexualidade tal alteridade é personificada no corpo da mulher e da rapariga do “Terceiro Mundo”. Acredita-se amplamente que as raparigas do Sul Global não podem usufruir dos benefícios da modernidade, que incluem não apenas produtos de consumo (como absorventes e tampões), mas também ideias e valores esclarecidos sobre sexualidade. Assim, a mulher e a rapariga do Terceiro Mundo são vistas pelo regime de desenvolvimento internacional como estando em desacordo com a modernidade, portanto, presas a uma zona temporal diferente ou atrasadas no tempo. Tal compreensão, que ancora num olhar colonial sobre as condições dessas mulheres e raparigas, está na base do desenvolvimento de políticas e intervenções, mas também informa alguma escrita e a reflexão académica. As coordenadoras estão interessadas em discutir as experiências, desafios e respostas criativas para a produção de pesquisa rigorosa sobre gênero e sexualidade que incluam uma reflexão crítica sobre o impacto do regime internacional de desenvolvimento. Estamos particularmente interessadas em interagir com análises que reflitam sobre a abordagem descolonizadora na produção de conhecimento – aqui entendida como produção de conhecimento do Sul que se amplia para além do seu contexto, questionando e interagindo com conceitos e perspectivas de análise do campo social global, ao invés de se limitar, estreitar e se provincializar ao Sul. |
48 | Teresa Cunha Catarina Casimiro Trindade Tassiana Tomé |
Paz e Desmilitarizaçã: as múltiplas agências das mulheres | Desde a aprovação pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas da Resolução 1325/2000 que está criado um consenso internacional sobre a importância das mulheres para a Paz e para a Desmilitarização do Mundo. Esse consenso, plasmado nesse documento, põe em evidência que não basta fazer a inclusão formal de mulheres nas estruturas de negociação com vista à paz em contexto de guerra e/ou conflitos violentos nem fazer afirmações de princípio sobre uma igualdade de género para cumprir requisitos institucionais vazios de conteúdo político e de potencial de transformação do presente estado das coisas. Para além disso, nós mulheres, já experimentámos a violência armada e a guerra e sabemos o quanto isso marca os nossos corpos, as nossas mentes e as nossas sociedades. Os discursos dominantes sobre o assunto tendem a sublinhar a vitimização que sofremos através das violações constantes dos nossos direitos humanos. Sem dúvida que a denúncia de tais sofrimentos é muito importante. Contudo, sabemos que para além do sofrimento as mulheres continuam a agir, a levar a vida por diante, a actuar nos processos de reconciliação nas várias esferas sociais, assim como assumem papéis preponderantes sempre que se abre espaço à sua participação política no sentido de alcançar uma paz susbstantiva e duradoura. Nesta Oficinária, convidamos a todas as pessoas que desejem partilhar, analisar e discutir a agência de diferentes mulheres em contextos de violência armada (seja guerra declara ou não) e como ela é fundamental para qualquer conhecimento relevante sobre Paz e Desmilitarização. Criar um espaço de co-produção colectiva do conhecimento e valorizar as diferentes vozes e agências das mulheres do mundo na construção da Paz é o nosso objectivo central. |
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Violeta Maria de Siqueira Holanda Elsa Maria Frederico Livo Ozobra Universidade Licungo Extensão da Beira (Moçambique). |
Mulheres, Educação e Políticas Públicas: perspectivas plurais e decoloniais. | Nossa oficinária pretende debater sobre o acesso à educação em diversos contextos sócio-culturais, considerando possíveis abordagens comparativas, como por exemplo, Brasil e Moçambique, dentre outras. Terá como enfoque os processos de ensino-aprendizagem sintonizados com o debate contemporâneo sobre gênero, violência sexista, marcadores sociais da diferença, interseccionalidades, racismos e garantia dos direitos de cidadania das mulheres. Tendo em vista o cenário atual de Moçambique sobre o acesso maior das mulheres ao emprego formal e uma possível diminuição dos índices de desigualdades entre homens e mulheres, serão bem-vindas reflexões que pautem sobre o papel da mulher moçambicana no seio da família, desafios da mulher no mercado de trabalho, empoderamento feminino e pautas ampliadas sobre planejamento, monitoramento e avaliação de políticas públicas (governamentais e não governamentais) de inclusão, com perspectivas plurais e decoloniais, que valorizem as experiências e os saberes femininos locais. |
50 | Oyaiyele Dolores Lima FONSANPOTMA – Fórum de Segurança Alimentar e Nutricional dos Povos Tradicionais de Matriz Africana |
Sagradas Mulheres Água | A sabedoria ancestral da circularidade é gestada e gerada num universo úmido e fértil. Seja em nosso corpo ou no planeta chamado de Terra é de Água que se alimenta primeiro, assim como na gestação água alimenta o feto gerado. Com este forte apelo e diante de tanas catástrofes climáticas, uma jovem negra paulista escreve uma carta. A Carta às águas. A suplica desta jovem nos inspira a realizar ações pelo mundo, mesmo que desconhecidas, que conscientizam e trazem ao debate experiências de preservação que podem slvar o mundo. O que nos ensina? Os saberes ancestrais, a vivência enquanto Povo Tradicional de Matriz Africana na diáspora no maior pais da America do Sul. A proposta da oficina é dar visibilidade a estas ações em seus diversos contextos, especialmente no Presente às águas, naturalmente nacionalizado no Brasil como Presente de Yemanja, sincretizado com diversas santas católicas resquício da escravidão mas que origina se em nosso continente como uma homenagem aos que foram sequestrados do continente africano nos três ciclos da escravidão – Bantu, Ewe-Fon e Youba – sucessivo sequestro, na atualidade, pelo capitalismo e expropriado de sua origem e das atoras deste processo, as águas e as Yabas, as Mulheres Negras que mantiveram a memoria ancestral viva até os dias atuais pra que a geração deste jovem pudesse ter essa consciência. Para qualificar esta discussão nas questões ulteriores ao termo feminismo, temos recorrido aos escritos de Oyeronki. Temos nos relacionado com as mulheres da Via campesina e nossa principal defesa é da soberania alimentar com unica alternativa de preservação da espece Humana. sem água não ha alimento. Água é o primeiro alimento. Sagradas Mulheres por sermos nós as seres instrumento da concretude do maior fenômeno, a transformação de morte(menstruação) em vida(gestação). Esta faceta das ações e projetos desenvolvidos, absorvem naturalmente a luta contra todas as formas de violência contra as mulheres, com maior atenção as Mulheres Negras, quem está na base da fragilidade social em nosso país e no mundo. |
51 |
Sheila Mandlhate Maira Domingos |
Movimentos sociais, participação política e Democracia em África |
A Oficinária tem como objectivo reflectir sobre o papel das mulheres na promoção da governação democrática, direitos humanos e participação política nos países africanos. Reconhecendo que a democracia é incipiente em África, devido as fragilidades dos processos eleitorais, incluindo alta taxa de analfabetismo da população e as constantes conflitos políticos e militares. Nos últimos 30 anos, muitos países africanos adoptaram o sistema democrático, que constituiu uma oportunidade para a participação activa das mulheres no fortalecimento da cidadania. A democracia que devia ser uma alternativa para a alternância política transparente, tem sido muito questionada, portanto, o governo representativo, legitimado a partir das urnas, esta bastante fragilizado. Em contextos onde a democracia, esta numa fase embrionária, a presença das mulheres no espaço público é um desafio, marcado pelas relações de poder desiguais, que se traduzem em barreiras na ocupação de posições de tomada decisão a nível político. Apesar de avanços significativos nas estatísticas de paridade de género, as iniquidades estruturais permanecem enraizadas na vida das mulheres. Porque as mulheres ainda são um veículo para sustentar sistemas de opressão camuflados de democracia, são a maioria da população, mas o seu poder é instrumentalizado. Os movimentos sociais tem sido espaços de construção, debate e diálogo para a transformação das desigualdades entre os homens e as mulheres, e para a construção de mulheres líderes. Neste sentido convidamos pesquisadoras/es, docentes, activistas moçambicanas/os, assim como as associações e colectivos da sociedade civil para apresentar pesquisas, textos ou relatos de experiências sobre a participação política, liderança democracia em África. |
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Luzi Borges (UESC/DCIE)
Paulo de Tássio Borges da Silva (UFSB)
Tatiana Rosa (Universidade Estadual de Santa Cruz, Universidade Federal do Sul da Bahia, Prefeitura Municipal da Serra) |
Ciberfeminismos, Relações de Gênero e Educação |
A proposta da oficinária é oferecer espaço de produção e compartilhamento de pesquisas que discutam gênero e raça/etnia, visando à construção de redes de narrativas por e sobre mulheres negras e indígenas que utilizam as redes sociais digitais como espaços de reflexão crítica sobre as interseccionalidades que estão imersas, bem como refletir tais impactos nas desconstruções de masculinidades coloniais. O ciberfeminismo é recente, cresce junto com a geração digital e com o advento das mídias digitais. É um movimento cujo protagonismo é de mulheres, que usam as interfaces das mídias digitais para falarem sobre seus cabelos, gostos musicais, danças, roupas, religiosidades e do racismo que sofrem diariamente. O ativismo digital das feministas afroindígenas também conecta mulheres em movimento de várias gerações (BARROS, 2017). Acolhimentos diversos e múltiplos colaboram para que elas refaçam sua estética, rearfimando sua ancestralidade e se posicionem contra o patriarcado a partir das referências africanas e indígenas preservadas, cultuadas e ressignificadas nos aquilobamentos contemporâneos produzidos a partir de educação identitária e antirracista. Embora urgente, a bandeira do autocuidado não é nova. O autocuidado revela-se como ato de resistência, frente aos ataques e as perdas dos direitos sociais que a população brasileira vem enfrentando, sobretudo, as mulheres, mulheres negras, indígenas, ribeirinhas e LGBTQIA+. Por isso, pensar o digital em rede como interface de participação social, cultural, política e de empoderamento tem sido o desafio das ciberativistas.
Palavras-chave: Feminilidades; Masculinidades; Afroindígenas; Autocuidado; Redes Sociais Digitais. |
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Yara Neusa Ngomane (Doutoranda UFRGS/RS, Moçambicana) Marilu Lima Oliveira (Pedagoga, especialista e servidora Pública ALESC, Brasileira) Pamela Íris Mello da Silva (Doutoranda UFRGS/RS, Brasileira) |
Trajetórias de mulheres negras, na educação, saúde e política institucional em “Cartas em Mãe África” |
Em contextos globais e globalizantes, com marcada trajetória de exclusões, racismo, desigualdades sociais, étnicas e de gênero, aqui sublinhado a dos espaços decisórios de poder, e que empregados de forma ampla, entendemos que incluir signifique estar presente, não somente representada. Assim, é sobre trajetórias de mulheres negras voltadas à área educacional, da saúde (em serviços públicos de atenção à HIV/SIDA) e da política institucional, que intecionamos dialogar e reflletir nessa oficinária. Acreditamos que com este diálogo integrado de interáreas (educação, saúde e política institucional), ampliaremos reflexões quanto às presenças de mulheres negras e protagonismos femininos afrodiaspóricos.. Consequentemente compondo um corredor de saberes que cuida e resiste, por sua vez construindo alternativas para as mulheres e para o mundo. Logo, buscamos especialmente estudos, pesquisas, depoimentos e relatos de experiências desde educadoras, professoras (in) formais, profissionais e gestoras da saúde, também de candidatas, eleitas ou não à cargos mandatários e eletivos. Afim de reunirmos nessa sessão multitemática, as vozes, contribuições, pioneirismos e lideranças negras de diversos países. Considerando suas diversas lutas antirracistas, as iniciativas mobilizatórias de levantes contra as desigualdades, discriminações e opressões em suas localidades, comunidades, grupos, coletivos e movimentos associativos. Enquanto esforços individuais e organizativos, catalisadores de mudanças e de emancipação. |
a UEM mantém?